Tocantins – Indígenas retém caminhonete do Estado para cobrar reforma de escola com risco de desabamento em aldeia

Indígenas Javaé estão retendo uma caminhonete da Secretaria de Estado da Educação na aldeia Cachoeirinha, dentro da Ilha do Bananal. O ato foi uma forma de cobrar a reforma da Escola Indígena Wahuri, que estaria em situação precária há pelo menos quatro anos e com risco de desabamento.

Segundo os indígenas, uma das vigas de sustentação do telhado estaria ameaçando cair e por isso foi escorada de forma improvisada.

“O colégio está quase caindo. Tá escorado com uma madeira. A qualquer momento vai cair. Aí quem é responsável? O cacique ou o estado? Nós precisamos muito da reforma da nossa escola”, afirmou o cacique Ideberê Javaé.

Nesta semana uma equipe da Secretaria de Educação teria ido mais uma vez na aldeia fazer levantamentos para a reforma, mas os indígenas dizem que não é a primeira vez que as equipes vão até a aldeia fazer esse tipo de trabalho e nunca resolvem o problema.

Por isso os indígenas não deixaram os funcionários públicos levarem uma das caminhonetes.

“Nós estamos tolerando, tolerando, mas toda vida só vem levantamento e não faz [a reforma]. Quando vem chuva não pode fazer. Nós queremos chamar atenção do governo, por isso está detida a caminhonete do estado na aldeia para chamar atenção. Estamos precisando reformar colégio urgente”, disse o cacique.

Cacique ao lado de caminhonete retida por indígenas — Foto: Reprodução

O que dizem os responsáveis

A Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc) informou que um processo licitatório para a reforma da Escola Indígena Wahuri, na Aldeia Cacheirinha foi realizado. As obras contemplam a reforma de cobertura, bloco de salas e banheiros, além da construção de alambrado na unidade de ensino, num valor de R$ 91.002,14.

“Contudo, o início da obra teve que ser adiado em função da Portaria 419/PRES da Funai, que estabelece medidas temporárias de prevenção à infecção e propagação do novo coronavírus. Tão logo seja autorizada, a reforma da unidade de ensino terá início”, diz a nota.

A unidade conta com 20 estudantes matriculados que, por conta das medidas de prevenção à Covid-19 e de decreto municipal suspendendo atividades presenciais, estavam estudando de forma remota. Além disso, atualmente, toda a rede estadual está em período de férias.

Com relação à situação envolvendo um veículo institucional, a Seduc informou que manterá o diálogo com a comunidade visando solucionar o impasse.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) também foi procurada, mas ainda não se posicionou.