Em Jenipapo dos Vieiras, índios Guajajaras derrubam torre de eletricidade como ato de “reivindicação”

Indígenas de quatro territórios da Reserva Canabrava, situada região Central do Maranhão, derrubaram na manhã desse último domingo (12) uma torre de energia da Eletronorte. Segundo os índios, outras duas torres foram danificadas.

O local onde a torre foi derrubada fica na Aldeia Coquinho, uma das 20 aldeias da Reserva Canabrava, no município de Jenipapo dos Vieiras, a 438 km de São Luís.

Segundo o cacique da Aldeia Coquinho, Luciano Guajajara, os índios derrubaram a torre para reivindicar que a Eletronorte deixe de fazer a distribuição de cestas básicas e faça o repasse de dinheiro diretamente aos índios, pois assim podem escolher onde comprar.

“Nós estamos reivindicando o repasse que a Eletronorte não cumpriu que seria no valor de R$ 2 milhões e 800 mil. Há mais de quatro anos nós estamos em busca desse recurso e ela vem nos enganando junto com a Funai e infelizmente sem avanços em favor das nossas comunidades indígenas. Ela distribui 1800 cestas, mas nós somos 4.500 famílias. Isso para nós índios foi um ponto negativo porque os produtos vieram todos vencidos e outros perto de vencer. Hoje queremos que a nossa proposta seja aprovada, queremos o vale-compra, ou seja, a autonomia de comprar o nosso próprio alimento”, disse.

Por meio de nota, a Eletronorte informou que a linha está desligada, mas que atuou junto ao Operador Nacional do Sistema para que o fornecimento de energia não fosse interrompido. A Eletronorte disse ainda que obteve autorização judicial para entrada de técnicos na terra indígena para reparo nas torres de transmissão. As equipes aguardam a mobilização das forças policiais para dar início à recuperação.

Veja a nota na íntegra

“Em atendimento à demanda, sobre a derrubada de torres na Terra Indígena Guajajara – LT 500kV Imperatriz/Presidente Dutra C1, no Maranhão, na manhã deste domingo (12) – a Eletronorte informa que a linha está desligada e que a Empresa já obteve autorização judicial para ingresso de técnicos da Eletronorte e policiais federais na Terra Indígena Guajajara para inspeção e reparo nas torres de transmissão. As equipes aguardam a mobilização das forças policiais para dar início à recuperação.

A Empresa informa, ainda, que as equipes atuaram junto ao Operador Nacional do Sistema para que o fornecimento de energia não fosse interrompido. Em relação à declaração sobre um convênio datado de 2014 mencionado pelos Guajajara, a Eletronorte esclarece que não existe um convênio pendente, e sim uma Ação Civil Pública em andamento no Ministério Público Federal, assim como na Justiça Federal, na qual o papel da Eletronorte seria desenvolver um estudo ambiental simplificado do componente indígena, o que já foi realizado pela Empresa e aprovado pela Funai. No momento a Eletronorte aguardava a Funai concluir as oficinas para cumprir o seu papel dentro das ações antecipatórias, mas não houve consenso entre algumas lideranças indígenas e a Funai sobre as ações a serem realizadas. Tão logo haja a decisão, a Eletronorte está pronta para finalizar o processo e realizar o aporte financeiro.

A Eletronorte esclarece também que mantém um canal de diálogo permanente com as comunidades indígenas, e que a negociação é uma prática com diversas comunidades ao longo da história da Empresa. No entanto, ciente do seu compromisso de gerar e transmitir energia para o Sistema Interligado Nacional, e de garantir esse serviço à sociedade, a Eletronorte manifesta que já registrou boletim de ocorrência, solicitou a apuração dos fatos e a devida responsabilização. Trata-se de uma situação grave, com consequências e prejuízos para toda a população brasileira.

Dessa forma, continua à disposição para o diálogo com a comunidade, com o apoio da Funai, reiterando seu compromisso com o fornecimento de energia para o país. Assessoria de Imprensa da Eletronorte”

Com informações de g1/ma