Em Goiânia, Polícia indicia sete pessoas por venda ilegal de remédios contra Covid-19

A Polícia Civil de Goiás indiciou sete pessoas pelos crimes de associação criminosa e comércio ilícito de medicamentos em Goiânia. Segundo as investigações, eles estavam vendendo, de forma ilegal, um remédio experimental no tratamento contra a Covid-19, chamado Tocilizumabe, chegando a cobrar até R$ 48 mil por caixa que valeria R$ 6,4 mil.

As apurações indicaram ainda que, em quantidades menores, de 200 mg, o valor comum seria de R$ 774, mas o preço cobrado pelos investigados por essa porção era de R$ 18,6 mil – ou seja, dez vezes mais que o valor de mercado. Não foi divulgado o número de vítimas do grupo nem o valor que eles podem ter arrecadado com os crimes.

Tocilizumabe é um anti-inflamatório usado para tratar artrite reumatoide e está sendo testado contra a Covid-19.

Os nomes dos indiciados não foram divulgados. Até o fechamento desta reportagem, não havia mandados de prisão contra eles.

A Polícia Civil continua investigando possíveis desdobramentos do caso, já que algumas apurações indicam que esses medicamentos possam ter sido vendidos para vítimas em outros estados.

O inquérito policial foi encaminhado à Justiça na quinta-feira (27). Os sete indiciados estão respondendo em liberdade. No entanto, se condenados, podem pegar até 15 anos de prisão, já que a venda ilegal de medicamentos é considerada crime hediondo.

Investigação

As apurações duraram dois meses e, durante esse período, foram apreendidas algumas caixas do medicamento – a quantidade exata não foi divulgada – e R$ 11 mil em espécie na casa de um dos indiciados.

O delegado Webert Leonardo, que liderou as investigações, explicou que os sete investigados formavam dois grupos: um de quatro e outro de três pessoas, mas que todos se comunicavam com o intuito de viabilizar esse comércio ilegal.

“Havia aqueles que eram fornecedores dos medicamentos, os intermediadores, que recebiam uma comissão de cerca de R$ 4 mil por venda, e os vendedores finais, que realmente comercializavam o produto com a família da pessoa com Covid-19. Esses parentes, desesperados, emocionalmente abalados, acabavam pagando o que eles [criminosos] pedissem com intuito de salvar aquele familiar doente”, disse.

Os policiais descobriram que os vendedores chegavam às vítimas por meio das redes sociais – grupos de pessoas que tinham familiares em estado grave por causa da doença. Depois, passavam as negociações para uma conversa particular em aplicativo de mensagens.

A equipe apurou ainda que o medicamento estava em falta no mercado nacional e internacional, e que os indiciados se aproveitaram dessa situação para cobrar valores exorbitantes pelo remédio.

Durante as investigações, a Polícia Civil também descobriu que o grupo estava vendendo, também de forma ilegal, um remédio chamado Propovan, que é usado para viabilizar que pacientes sejam entubados.

A corporação suspeita que eles estavam “expandindo” os negócios para outros produtos que pudessem também entrar em escassez devido à alta demanda.